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quarta-feira, 20 de agosto de 2014

COMERCIALIZAÇÃO

Canais de Comercialização

No que concerne à comercialização, existe um amplo conjunto de produtos e subprodutos da ranicultura com potencial econômico, envolvendo animais vivos e/ou abatidos. É pratica comum entre os ranicultores o fornecimento mútuo de girinos e imagos para a respectiva cria e recria, havendo contudo uma tendência à especialização. Em breve, a reprodução (para obtenção das desovas) e criação de girinos ficarão restritas aos grandes ranários, que fornecerão os imagos para ranicultores que possuirão apenas as instalações de recria (recriadores).
A rã viva tem sido exportada para os Estados Unidos, onde os restaurantes especializados na cozinha oriental absorvem grande quantidade do produto. Além disso existe demanda de animais vivos para estudos e experiências laboratoriais, e para compor o plantel de reprodutores de novos criatórios.
O principal produto da atividade é a carne de rã, que é comercializada fresca, congelada ou processada, cujo excelente sabor e qualidades nutricionais, tem propiciado crescimento considerável do seu consumo, não obstante às restrições de preço. A coxa é a parte de maior aceitação, embora no Brasil esta preferencia não seja tão acentuada como no mercado internacional, onde praticamente não se consome o restante da carcaça.
A distribuição da produção se faz conforme esquematizado na Figura 1. O ranário completo possui basicamente três produtos: girinos, imagos e rãs. Os dois primeiros são vendidos a outros ranicultores que darão continuidade ao processo produtivo. As rãs são entregues aos abatedouros (industria de abate) que por sua vez, fornecem a carne aos varejistas que as venderão ao consumidor final. Certamente este procedimento pode ser alterado quando o fornecimento se faz diretamente ao consumidor ou ao varejista, ou mesmo do abatedouro para o consumidor, conforme ilustram as setas pontilhadas.
 

 
FIGURA – 1:  Canais de comercialização da ranicultura de acordo com LIMA & CRUZ,
O fornecimento direto do produtor ao consumidor é explicado pela tentativa de se evitar a intermediação freqüentemente prejudicial ao produtor. No entanto, as condições inadequadas de abate, comprometendo a qualidade do produto, e o desvio da atenção do ranicultor para outras tarefas tem, via de regra, levado esta tentativa ao fracasso. O problema da intermediação tem sido superado via associação de produtores para constituir sua própria unidade de processamento e comercialização.
 
 
Condições do Mercado

Estudos realizados sobre o mercado interno da carne de rã demonstraram existir, no Brasil, por demanda expontânea, um mercado potencial cerca de três vezes superior à oferta. Um dos fatores limitantes desse mercado é o preço que o produto tem chegado aos pontos de venda. Atualmente, a carne de rã é encontrada no varejo, a preços que oscilam entre 15 e 25 reais o quilo. A nível do produtor, a rã tem sido comercializada a preços que variam de 4,50 a 5,0 reais por quilo de rã viva, o que eqüivale ao valor de 9 a 10 reais para cada quilo de carne. Provavelmente, a curto prazo estes preços retornarão aos valores históricos praticados antes do plano real quando o preço médio eqüivalia a 6,00 dólares. Esta tendência de queda se deve ao aumento da oferta e aos efeitos da recente crise econômica promovida pela especulação financeira.
No mercado internacional, que tradicionalmente é abastecido pelo extrativismo, países que permitem a caça, fornecem à Europa e à América do Norte, o quilo de coxa de rã ao preço de 6 a 8 dólares. O caráter predatório da captura naqueles países têm provocado reação dos movimentos ambientalistas. Existem perspectivas de que, em breve, hajam restrições às importações deste produto por parte dos países consumidores.
Esse cenário coloca o Brasil em posição favorável, uma vez que, é detentor de tecnologia avançada de produção de rãs em cativeiro, além de possuir condições climáticas favoráveis em grande parte de seu território. Ressalta-se contudo que, vários países têm realizado investimentos na ranicultura, indicando que estarão competindo pelo mercado Europeu e Norte Americano, quando a proibição de produtos oriundo da caça se efetivar. Terá sucesso aquele que além da qualidade apresentar preço competitivo.
Nos últimos 3 anos, o ranicultor perdeu motivação para vender no mercado externo, pois com o advento do plano real, o preço interno tem estado superior ao internacional pela sobrevalorização da nossa moeda em relação ao dólar americano. Com o aumento da oferta no mercado interno, a exportação deverá tornar-se novamente interessante.

Mercado Nacional


Praticamente toda a produção brasileira é absorvida pelo mercado interno, mas o Brasil possui condições de conquistar grande espaço no mercado externo. Atualmente o consumo no Brasil situa-se em torno de 400 toneladas/ano, segundo a Associação Brasileira de Ranicultura e conta com aproximadamente 600 ranários implantados, 15 indústrias de abate e processamento, 6 associações estaduais de ranicultores e 4 cooperativas. Quanto aos subprodutos podemos dizer que praticamente o ranicultor ganha dinheiro hoje apenas com a venda da carne. As vísceras e a pele são quase que em sua totalidade descartadas. Existe tecnologia para curtimento da pele, mas não há indústria que faça isso em escala comercial.


Mercado Internacional


O preço dos produtos oriundos da Ranicultura, no mercado internacional, é bastante variável em função de diversos fatores, entre os quais merecem destaque o tamanho do produto, a época do ano e a sua origem. Os originários da criação em cativeiro, geralmente têm preço mais elevado, em razão de seus próprios custos de produção e também por possuírem maior qualidade e regularidade na oferta.
Boa parte das 10 mil toneladas de carne de rã que circulam anualmente no mercado internacional é fornecida por países asiáticos, principalmente a Indonésia. Nesses países, os animais levados ao abate não vêm de criações mas são caçados na natureza. Essa diferença em relação ao produto brasileiro, totalmente originário da criação em cativeiro, é uma das razões da boa aceitação das rãs que exportamos para a Europa, onde estão os maiores compradores.
O preço, por quilo, de coxas de rã importadas pela Comunidade Européia, no período de 97/98 variou entre 2.33 e 6.2 euros, alcançando um valor médio de 4.1 euros. Nos EUA, onde a preferência por coxas grandes é notória, o preço médio de suas importações em 1997 foi da ordem de US$6.37 /kg. Nesse mesmo período, o Canadá pagou US$3.87 /kg em média.
Biologia da rã-touro

A rã touro pertence à classe Amphíbia (do grego amphi=duas, bias=vida), cujo nome indica a maioria das espécies que vivem parcialmente na água doce e parcialmente na terra.
A rã-touro, como a maioria dos anfíbios, acasala-se na água, onde seus ovos são depositados e onde as larvas, denominadas girinos, vivem e crescem até se metamorfosearem em rãs jovens.
Somente os machos coaxam (embora as fêmeas também emitem sons) e o som do coaxar se assemelha ao mugido de um boi, daí a origem do nome rã-touro (em inglês bullfrog).

- Acasalamento: o macho entra na água e começa a coaxar atraindo a fêmea, abraçado-a pelas costas e fazendo com que ela elimine os óvulos enquanto ele descarrega o esperma. Ocorre assim a fecundação, externamente, na água. Os ovos apresentam coloração escura, formato esférico e são envolvidos por uma camada gelatinosa que em contato com a água aumenta de volume, sendo que o conjunto dos ovos - desova - adquire um aspecto de lençol gelatinoso flutuante.
Logo após a fertilização inicia-se o desenvolvimento embrionário, caracterizado por uma série de estágios cujo número pode variar conforme as diferentes tabelas elaboradas por diversos autores. No caso da tabela elaborada em 1960 pelo pesquisador K. L. Gosner, esse período abrange 25 estágios, da fecundação até o estágio de girino.
No estágio de girino, estes animais apresentam um crescimento extraordinário e em seguida inicia-se o processo de metamorfose, com o desenvolvimento dos membros posteriores seguidos dos anteriores e finalizando com a absorção da cauda, resultando naquilo que em ranicultura denominamos da imago ou rã recém metamorfoseada.
Nos estágios finais da metamorfose quando os girinos já apresentam os quatro membros, porém ainda possuem a cauda, a tendência deles é ficarem em locais mais rasos, onde possam se apoiar e permanecer com as narinas fora da água para respirar, pois e respiração que era branquial, passa a ser pulmonar.
As imagos são como miniaturas de rãs adultas, isto é, apresentam o mesmo aspecto que estas, sendo que o seu peso varia de 4 a 10 gramas. As rãs não possuem órgãos sexuais externos que permitam a distinção entre machos e fêmeas, porém ao atingirem o estágio adulto apresentam dimorfismo sexual bem evidente, podendo o sexo ser distinguido através da observação das características apontadas no quadro abaixo:
Características Machos Fêmeas
Diâmetro da membrana Maior que o diâmetro Quase igual ao diâmetro
Timpânica do globo ocular do globo ocular
Coloração do papo Amarela Creme esbranquiçada
Coaxado nupcial Sim Não
A duração do período de ovo a imago (Ciclo: ovo-girino-imago-rã), em águas com temperatura média variando entre 25ºC a 28ºC, é de 2,5 a 3 meses.
A duração do período de imago até rã, com peso para abate (160 a 170 gramas), varia em função de vários fatores, principalmente temperatura e alimentação, podendo ser de 3,5 a 14,0 meses quando as rãs são criadas sob uma temperatura média de 30ºC a 35ºC e alimentadas com ração com teor protéico de 46% (ração para trutas).
O período natural de reprodução desta espécie, para as condições climáticas do Estado de São Paulo, estende-se do início de setembro até meados ou final de fevereiro. A quantidade de óvulos por postura varia de acordo com o peso e idade dos animais. Com cerca de um ano e peso de 150 a 200 gramas, a rã-touro já está apta a reprodução, podendo produzir de 3000 a 5000 óvulos. Na bibliografia especializada encontramos citações afirmando que a produção de óvulos pode chegar até 20000, com os animais pesando entre 400 a 650 gramas.

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